OLIMPIADA TOQUIO 2020 E NOSSO COMPLEXO DE VIRA LATAS AFLORA
Por: José Marcos – Educador
Escrevo esta coluna como um admirador, um apaixonado pelo esporte de alto rendimento, pela competição, pelo esforço incondicional do atleta em busca de seu melhor desempenho, seu melhor resultado. E tudo isso e muito mais, como o necessário envolvimento da família, abdicação de vida social tradicional, etc, são sintetizados em uma Olimpíada, onde os melhores atletas do mundo em todas as modalidades estarão a cada quatro anos. Sabemos que o Brasil infelizmente ainda não tem programas esportivos consistentes com uma política pública voltada à massificação do esporte, que promova a saúde para a população e que permita o desenvolvimento de novas gerações de atletas de alto rendimento, ainda dependendo muito de iniciativas particulares em clubes, fundações de ex-atletas, Ong’s e “paitrocínio”. Exemplo claro e próximo dessa situação está em Guararema, que conta com equipamentos esportivos muito bem estruturados como ginásio de esportes, quadras esportivas, campos de futebol, pista de atletismo, pista de skate, etc, e não tem uma política pública definitiva voltada para escolas de esportes, que poderia envolver desde a garotada do ensino fundamental até adolescentes e adultos, restringindo o “programa público” em aulas de ginástica e algumas artes marciais. Acompanhando algumas competições dos atletas brasileiros na Olimpíada atual, ótimos resultados tem acontecido no skate, algumas provas na natação, judô, surfe, mas ainda impera o pensamento de alguns atletas, técnicos, jornalistas, comentaristas esportivos, ex-atletas também comentaristas e preparadores de que o mais importante, o maior trunfo é estar na Olimpíada. Esse é o pensamento derrotista que tem de ser banido do esporte brasileiro de uma vez por todas, ou jamais vamos avançar. Isso se reflete até no comportamento da garotada que está acompanhando a performance dos caras que são referência para eles. É inadmissível que um nadador brasileiro numa final de 200m borboleta piore seu tempo de classificação e saia da prova sorrindo e satisfeito dizendo que estava contente só de estar na Olimpíada. Ou o comentarista do badminton justificando a derrota da brasileira para a atleta americana antes mesmo da partida iniciar, alegando que a americana é uma das melhores do mundo. Mas a brasileira também é uma das melhores, senão não estaria em Toquio. Ganhar ou perder faz parte do jogo. A questão é o comportamento diante da vitória e da derrota e principalmente o comportamento diante de um adversário teoricamente mais forte, mais capacitado. Os favoritos também caem, cansam, sentem dor, medo. Assisti à uma luta de judô feminina entre uma russa e uma japonesa que foi muito além do tempo normal e só foi vencida pela japonesa, a favorita, após a russa não ter mais condição física nenhuma de lutar. Esgotada, não conseguiu evitar a imobilização e o estrangulamento e apagou. Mas não se abalou e saiu de cabeça erguida com a certeza de ter feito o melhor que podia, restando-lhe a disputa da medalha de bronze. Esse é o espirito Olimpico. Se não for assim, melhor não ir.
José Marcos, Educador Físico . CREF 040000133 – G/SP . Diretor Técnico e
Professor da Acqua Boya Academia – Guararema e-mail: josebgeraldo@ig.com.br